A entrevista
Saiu do gabinete do chefe de redação do jornal onde trabalhava e ligou imediatamente para o palácio presidencial. Depois de se ter apresentado à telefonista, só teve de aguardar uns minutos antes de ser atendido pela governanta. Perguntou-lhe se se lembrava dele. Quando ela lhe respondeu afirmativamente, considerou a resposta um bom augúrio. Avançou então para a questão que originara o contacto: - Acha que seria possível entrevistar o Sr. Presidente? Afinal já faz mais de dois anos que ele deu uma entrevista. A resposta tardou. Chegou a pensar que ela tinha desligado o telefone ou abandonado o auscultador, e, quando já pensava em desligar, ouviu do outro lado da linha, depois de um longo suspiro, a seguinte resposta: - Vou ver se é possível. Amanhã, ligue-me a esta hora. E desligou. Sem dizer mais nada, nem sequer se despedir. Ele deixou cair o auscultador, mas voltou a levantá-lo. Entalou-o entre o ouvido e o ombro e discou o número de um amigo, enquanto tirava um